Redação Pragmatismo
Religião 01/Out/2015 às 12:05 COMENTÁRIOS
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Menina praticante de Candomblé é agredida por intolerância religiosa

Publicado em 01 Out, 2015 às 12h05

Menina de 14 anos é chamada de 'macumbeira' e agredida fisicamente na escola um dia depois de postar foto ao lado da mãe e de uma amiga em centro de Candomblé. Desde o episódio, a adolescente não quer voltar à escola, assim como o irmão dela, de 11 anos

Agnes Candomblé Curitiba
Agnes, seguidora do Candomblé, afirma que não quer voltar para a escola por ‘vergonha’ (Reprodução/Facebook)

Uma jovem de 14 anos praticante de Candomblé não quer mais voltar para a escola desde que foi agredida por colegas de classe no dia 31 de agosto, em Curitiba, no Colégio Estadual Alfredo Parodi.

Agnes teria sido vítima de intolerância religiosa, afirmam testemunhas. A motivação para a agressão foi uma foto, postada no dia anterior em uma rede social, em que a menina aparece ao lado da mãe e de uma amiga, as três do Candomblé. As informações são do jornal Extra.

Agnes ainda tentou explicar como a religião funcionava, mas foi interrompida por uma estudante que a chutou, fazendo com que Agnes batesse a cabeça na parede. Enquanto isso, os outros estudantes teriam gritado: “chuta que é macumba”.

“A gente ia levar uma amiga no aeroporto e tirou uma foto com ela lá. A Agnes foi marcada na foto e viram no Facebook dela. No dia seguinte, na primeira aula, uma menina disse que não queria ficar perto da Agnes porque ela era da macumba. A Agnes começou a explicar o que era, mas depois falaram que iam chutá-la, porque ela é da macumba. A menina foi e chutou a Agnes, que caiu com a cabeça na parede”, afirmou Dega Maria, mãe de Agnes.

agnes candomblé

Dega só soube da agressão por intolerância religiosa quando foi buscá-la na escola. “Tia, a Agnes está machucada lá dentro”, disse um estudante. “Entrei para dentro da escola e vi a minha filha com o rosto machucado, sangrando, um galo enorme da testa. E ela me falou: “Essa menina me chamou de macumbeira. Disse que a senhora não presta, que a senhora é uma doença”, conta a mãe da menina agredida, que reclama que até o momento não recebeu nenhum tipo de retorno da escola, a não ser a orientação para procurar um psicólogo.

Intolerância

De acordo com Dega Maria, não é a primeira vez que ela e a filha são vítimas de intolerância religiosa.

“É comum isso. Uma vez fomos a uma padaria comprar alguma coisa e fomos perseguidos, eu e meus três filhos, por um carro com rapazes de camisa de “exército de Jesus”. Dessa vez agora eu preferia que tivesse acontecido comigo, seria diferente. A Agnes está sofrendo muito, está muito magrinha, com o rosto machucado, com vergonha, sem vontade de voltar ao colégio”, afirma.

VEJA TAMBÉM: Menina iniciada no Candomblé é apedrejada na cabeça por evangélicos

A Casa de Oxumarê, uma das maiores de Candomblé do Brasil, divulgou uma nota de repúdio ao episódio.

“Casos como esse devem ser rechaçados com o máximo vigor! Assim, a Casa de Oxumarê, na sua histórica e incansável luta contra a intolerância religiosa, se solidariza com o sofrimento experimentado pela menina Agnes e, sobretudo, repudia veementemente tais atos de intolerância religiosa”, diz parte da nota. Leia a íntegra abaixo:

Candomblé Agnes menina agredida

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