Redação Pragmatismo
Mercado 24/Set/2015 às 11:19 COMENTÁRIOS
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Escândalo da Volkswagen: “Ferramos tudo”, admite diretor da montadora

Publicado em 24 Set, 2015 às 11h19

“Ferramos tudo”, diz diretor da Volkswagen nos EUA sobre fraude. Empresa reconheceu que 11 milhões de carros foram adulterados em todo o mundo. Presidente global da montadora anunciou sua renúncia em meio ao maior escândalo nos 78 anos de história da VW

Martin Winterkorn Volkswagen
Martin Winterkorn renuncia e não é mais presidente da Volkswagen

O principal executivo da Volkswagen nos Estados Unidos, Michael Horn, pediu reiteradas desculpas pelo escândalo de falsificação das emissões de poluentes nos seus carros a diesel nos EUA, que veio à tona na sexta-feira, e se comprometeu a recuperar a confiança dos consumidores norte-americanos.

“Ferramos tudo”, disse ele após admitir o erro. “Fomos desonestos com a EPA [agência federal de proteção ambiental], fomos desonestos com o conselho da ARB [agência californiana de controle da qualidade do ar], fomos desonestos com todos vocês”, afirmou Michael Horn.

“Precisamos arrumar os carros para evitar que isso volte a acontecer, e precisamos fazer isso direito. Esse tipo de comportamento vai totalmente contra os nossos valores”, declarou ele na noite de segunda-feira no Brooklyn (Nova York), durante o evento de apresentação de uma nova versão do modelo Passat, com a participação do roqueiro Lenny Kravitz.

Horn e outro executivo do grupo cancelaram uma entrevista a jornalistas que havia sido previamente combinada e se recusaram a responder perguntas, na primeira aparição pública de um alto executivo da Volkswagen nos Estados Unidos desde que o escândalo estourou. A EPA e a ARB da Califórnia informaram na sexta-feira que a Volkswagen havia instalado em mais de meio milhão de veículos um dispositivo que servia para burlar os controles de emissões de partículas poluentes.

“Estamos comprometidos em fazer o que deve ser feito e a começar a restaurar a confiança”, afirmou Horn. “Pagaremos o que tivermos que pagar”, acrescentou.

O maior fabricante de automóveis da Europa pode sofrer multas de bilhões de dólares, além de processos penais contra seus executivos e um golpe para a sua imagem que arruinaria os planos de alavancar suas vendas nos EUA. O Departamento de Justiça norte-americano está promovendo uma investigação criminal, segundo fontes oficiais familiarizadas com o assunto.

Mais poluição

A empresa vendeu versões a diesel de veículos das marcas Volkswagen e Audi com um software que só ativa completamente os controles de poluentes quando o carro está sendo submetido a testes de emissões. Durante o uso normal no trânsito, os carros poluíam 10 a 40 vezes acima dos limites legais, segundo a EPA.

Os modelos afetados incluem as versões a diesel do Passat, assim como o VW Beetle, o Jetta e o Golf. O Audi A3 também está sendo investigado. No mês passado, os modelos a diesel representaram 23% das vendas da marca VW nos EUA, segundo nota da companhia à imprensa

Renúncia do presidente

No final, a pressão foi forte demais. Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen desde 2007 e que há apenas cinco meses havia ganhado uma disputa pelo poder com o patriarca Ferdinand Piëch, caiu vítima do maior escândalo nos 78 anos de história da montadora. “A Volkswagen precisa se renovar, também do ponto de vista pessoal. Estou disposto a abrir o caminho da renovação com minha renúncia”, disse Winterkorn em comunicado.

O até agora chefe máximo da Volkswagen tentou permanecer no cargo. Um dia antes de sua renúncia, insistia em pedir desculpa e em se apresentar como o homem que deveria ganhar de novo a confiança dos clientes. Mas a fraude das emissões de gás foi grande demais para não repercutir na cúpula da maior fabricante de carros do mundo.

A renúncia já parecia muito provável no domingo, quando a empresa admitiu as acusações das autoridades ambientais norte-americanas. Mas pouco depois tornou-se irremediável. Em dois dias, a Volkswagen perdeu na Bolsa 35% de seu valor, reconheceu que o número de veículos afetados sobe para 11 milhões (em vez dos 482.000 iniciais) e mobilizou 6,5 bilhões de euros (cerca de 28,6 bilhões de reais) para possíveis perdas. Além disso, países como EUA, Alemanha, Itália, França e Coreia do Sul anunciaram investigações.

A Promotoria de Brunswick (cidade da Baixa Saxônia, Estado alemão que possui 20% das ações do grupo) havia anunciado horas antes que também estuda abrir uma investigação.

EL País

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