Redação Pragmatismo
Religião 10/Jul/2015 às 09:28 COMENTÁRIOS
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Papa Francisco ganha de Evo Morales um crucifixo em forma de foice e martelo

Publicado em 10 Jul, 2015 às 09h28

Papa elogia governo de Evo Morales na Bolívia e ganha uma “cruz comunista” de presente. Em seu discurso, pontífice voltou a criticar o consumismo desenfreado e abordou temas como a degradação ambiental, a pobreza, a violência doméstica, o alcoolismo e o machismo

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Evo Morales entrega ‘cruz comunista’ ao Papa Francisco (Imagem: AP)

O papa Francisco e o presidente da Bolívia, Evo Morales, trocaram vários presentes no Palácio do governo de La Paz. Entre os objetos que Morales entregou ao pontífice, estavam uma imagem de Jesus Cristo crucificado sobre uma foice e um martelo, símbolo do comunismo, e um exemplar do Livro do Mar, editado pelo governo boliviano, que explica a disputa centenária do país andino com o Chile por uma saída ao mar.

A troca foi feita após a reunião privada entre eles nesta quarta-feira (08/07), que durou quase meia hora no Palácio Queimado. O pontífice elogiou a gestão do líder indígena.

Francisco comentou que o seu regalo era “mais simples” do que os que recebeu do presidente boliviano. O papa presenteou Morales com um mosaico que reproduz o célebre ícone Salus Populi Romani, além de entregar uma cópia da recente encíclica “Laudato se” (“Louvado seja”), seu primeiro documento pontifício sobre ecologia.

Morales entregou também a máxima condecoração da Bolívia, Condor dos Andes, e a distinção Luis Espinal, que foi criada para reconhecer quem professa uma fé religiosa e se destaca por defender os pobres, os marginalizados e os doentes.

A cruz talhada sobre a foice e o martelo é a reprodução de uma feita pelo sacerdote jesuíta espanhol Espinal, assassinado em 1980 por paramilitares por seu compromisso com as lutas sociais na Bolívia, e a quem Francisco dedicou nesta quinta-feira (09/07) uma homenagem perto de onde seu corpo foi encontrado.

Mensagem

Em uma missa para centenas de milhares de pessoas, o papa Francisco disse que todos têm um dever moral de ajudar os pobres e que aqueles com mais condições não podem desejar apenas que eles “vão embora”.

“Diante de muitos tipos de fome no nosso mundo, podemos dizer para nós mesmos: ‘As coisas não se somam; nós nunca iremos gerenciar, não há nada a ser feito’. Então nossos corações cedem ao desespero”, disse.

Ele usou a história bíblica da multiplicação de pães e peixes, quando os apóstolos de Jesus queriam que ele enviasse multidões para longe porque não haveria nenhuma maneira de alimentar a todos.

A história diz que Jesus multiplicou a comida, mas alguns estudiosos bíblicos modernos acreditam que o verdadeiro milagre foi que ele convenceu todos a compartilhar o que tinham.

Francisco disse que a história tem uma “ressonância particular” no mundo de hoje e disse aos fiéis: “Ninguém precisa ir embora, ninguém precisa ser descartado; vocês mesmos, deem algo a eles para comer. Jesus fala essas palavras para nós, aqui nesta praça.”

Em sua fala, ele abordou ainda temas como a degradação ambiental, além de destacar a violência doméstica, o alcoolismo e o machismo como ameaças à família. Ele pediu uma “particular atenção à justiça distributiva” e uma aposta na cultura e na educação “ética e moral”, que cultive “atitudes de solidariedade e corresponsabilidade entre as pessoas”.

informações de Efe, Reuters, Opera Mundi, Fórum

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