Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 24/Abr/2015 às 17:43 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

"Leis e mulheres foram feitas para serem violadas"

Publicado em 24 Abr, 2015 às 17h43

Frase dita em sala de aula por um professor de Direito da PUC-RS e divulgada por um aluno nas redes sociais dividiu opiniões na universidade. Estudante que fez a denúncia conta que está sendo hostilizado por alunos amigos do professor e não pode mais assistir aula. Docente é acusado de estimular comportamentos preconceituosos

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O professor da PUCRS Fábio Azambuja (Imagem: Site Fábio de Azambuja)

“As leis são como as mulheres, foram feitas para serem violadas”. Essa foi a frase dita por um professor do curso de Direito da Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), que causou um embate tanto dentro da faculdade quanto nas redes sociais. Compartilhada mais de cem vezes, a questão gerou bastante discussão entre alunos críticos e apoiadores do professor Fabio de Melo Azambuja.

“Estávamos na sala copiando e daqui a pouco ele pede autorização para fazer a piada que poderia ofender alguém, mas ninguém falou nada, até porque não sabia o que ele ia dizer(…) publiquei exatamente as palavras que ele utilizou, sem fazer qualquer juízo de valor, sequer citei o nome dele”, conta Luan Sanchotene sobre a postagem que fez nas redes sociais.

O estudante diz que está sendo ameaçado por alunos próximos ao professor. “Eu nem pude vir para a aula, no grupo do Direito (nas redes sociais), eu estou sendo atacado e hostilizado por quem é mais amigo do professor, as pessoas levaram isso para o lado pessoal e eu nem entro no mérito do professor, porque uma frase dessas é errada não importa quem seja o autor”, justifica Sanchotene, explicando que terá provas com Azambuja. “Tenho prova com ele e todo mundo está querendo me matar, mas não distorci nada, apenas publiquei o que ele disse, não sabia que era segredo”, conta.

Mais denúncias

Um grupo de alunas se reuniu com a vice-diretora do curso de Direito, Clarice Betriz Sohngen para formalizar a abertura de uma sindicância. Há relatos de que não é a primeira vez que o professor profere comentários de teor machista. “Reuni relatos de várias meninas, inclusive diplomadas, que demonstraram já ter havido tentativa de diálogo, mas sem efeito, havendo reiteradas ‘piadas’ incitando violência contra mulher: ‘moeda na mão, calcinha no chão’, ‘essa é a prostituta das provas: não merece respeito’, ‘mulheres e leis foram feitas para serem violadas’, etc”, revelou uma aluna.

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Alunas protestam contra professor Azambuja (reprodução)

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUCRS pretende propor formações sobre diversidade sexual e gênero para os professores. De acordo com o site Sul 21, a advogada Christine Rondon sugere a construção de “espaço de debate entre alunos e professores em torno da temática que aborde os percursos do reconhecimento dos direitos das mulheres, além de que seja publicada orientação clara a professores para não promoverem banalização da violência contra a mulher em sala de aula”.

Outro lado

A repercussão do caso nas redes sociais irritou estudantes que se identificam com o professor. Quem se posicionou ao lado de Azambuja disse que a frase foi tirada de contexto. “Indignamo-nos ao ver este professor que, além de estar sendo ‘demonizado’ sem qualquer possibilidade de defesa, está tendo sua imagem denegrida perante todos. Sendo notoriamente usado como ferramenta por aqueles que visam a autopromoção inescrupulosa fundada em um sensacionalismo barato”, publicou uma aluna.

Outros alunos realizaram um ato para apoiar o professor. Foram vistos cartazes com os dizeres “somos todos Azambuja”, “Je Sui Azambuja”, além de fotos com bigode em homenagem ao docente.

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Alunas com bigode em ato de apoio a professor

A universidade se pronunciou sobre o caso através da seguinte nota: “Representantes da Faculdade de Direito ouviram as partes envolvidas no fato relatado durante os dias de ontem e hoje. Estão sendo tomadas todas as medidas cabíveis para solucionar o caso. A PUCRS e a Faculdade de Direito não compactuam com qualquer manifestação ofensiva”. Nas redes sociais, diversos estudantes se posicionaram defendendo o professor, apontando se tratar apenas de uma piada e pedindo que ele não fosse “escrachado”.

O professor disse que, por enquanto, não vai se manifestar sobre o assunto.

com informações de SUL21 e Terra Magazine

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