Redação Pragmatismo
Mídia desonesta 05/Fev/2015 às 07:49 COMENTÁRIOS
Mídia desonesta

Imparcialidade, papo furado

Publicado em 05 Fev, 2015 às 07h49

Nós sabemos que alcançar a imparcialidade plenamente é inatingível, mas não serve como justificativa para não ser buscada. Pois, é papel do jornalista almejá-la, dando voz para todos os lados, com diferentes ângulos

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Imparcialidade, palavra que beira a utopia no jornalismo (Imagem: Pragmatismo Político)

Lucas Mendes*

Desde do século XX, a mídia é o meio que mais influencia, modificando a realidade, formando opinião, gerando conceitos, alterando atitudes e comportamentos das pessoas. Pesquisas apontam que a tevê é o meio mais utilizado pela população brasileira para se informar, seguido pelo rádio, internet, jornal e por último a revista.

Sem sombra de dúvidas a Rede Globo ajudou a unificar o gosto do brasileiro, se tornando um monopólio, com um dos telejornais mais assistidos, Jornal Nacional, além de possuir um dos apresentadores mais confiáveis, William Bonner, segundo a opinião pública. Porém, William Bonner, numa propaganda comemorativa aos 50 anos da Rede Globo, pronuncia uma palavra que beira a utopia no jornalismo, prometendo “imparcialidade” aos telespectadores.

Nós sabemos que alcançar a imparcialidade plenamente é inatingível, mas não serve como justificativa para não ser buscada. Pois, é papel do jornalista almejá-la, dando voz para todos os lados, com diferentes ângulos, seja com falas de especialistas, índices, dados estatísticos, personagens envolvidos, para que possamos entender e saber explicar o assunto debatido com propriedade. Mesmo assim, não nos esqueçamos, que na tradução dos fatos, iremos sofrer influência do ambiente que estamos inseridos culturalmente, economicamente, politicamente, profissionalmente e socialmente.

Nas revistas semanais, percebemos facilmente que há uma contaminação de gênero opinativo em espaços que deveriam ser apenas destinados a informação, ação que chamamos de editorialização. Ou seja, são espaços que deveriam ser exclusivamente informativos, porém acabam sendo opinativos. Verifique-se nas entrelinhas o excesso de adjetivos encobertos de opinião disfarçadamente. Ou, nem tão disfarçados. Comprovando que não há imparcialidade, até mesmo em espaços exclusivamente para a informação.

Muitas vezes sem ética, o veículo apresenta uma visão favorável a um partido e ideologia, por causa de interesses sejam eles econômicos ou políticos, ação que denominamos de partidarismo político. Contudo, os órgãos de imprensa afirmam que são imparciais, evidentemente estão mentindo. Até então comportamento compreensível, afinal por trás disso há interesses, mas que afeta diretamente os jornalistas.

Sendo uma ameaça à liberdade dos jornalistas que são obrigados a transmitirem a informação, conforme a linha editorial do veículo, caso contrário obterão conflitos, tendo a possibilidade de serem simplesmente chutados, entende-se demitidos. Aliás, é comum, estudantes e profissionais da área terem que se esvaziar de suas opiniões e compartilhar dos interesses do veículo, mesmo não concordando, para trabalhar nesta área.

Embora seja dever do jornalista zelar pela sua liberdade. Entretanto, precisamos ter uma estabilidade financeira, pois vivemos numa sociedade capitalista. Pensamento simplista, no entanto, faz todo sentido.

O que, apenas reforça que a dita imparcialidade, está longe de ser obtida, que nunca será obtida. E que deve ser repensada.

Sobretudo, temos como saída à internet. Um salve a internet. Que serve para criarmos páginas alternativas, exercendo essencialmente a profissão de jornalista, aonde não precisamos custear nossa liberdade e vender uma falsa imparcialidade enganando a população, mas optando por um lado sem papas na língua. Isto é, praticando um jornalismo mais honesto e transparente. Mas, jamais, distorcendo fatos.

*Lucas Mendes é graduando em Jornalismo e colaborou para Pragmatismo Político.

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