Redação Pragmatismo
Lula 22/Jan/2015 às 23:25 COMENTÁRIOS
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Banco dos EUA cita Lula para acalmar mercado sobre eleição na Grécia

Publicado em 22 Jan, 2015 às 23h25

Para acalmar investidores sobre eleição na Grécia, banco dos EUA compara líder de esquerda a Lula. “Antes tinham medo de Lula, um ex-sindicalista de esquerda, e agora lhe dão o crédito pela impressionante trajetória econômica do Brasil”

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Marcelo Montanini, Opera Mundi

Em meio à tensão gerada pela possível vitória do partido de esquerda Syriza na eleição grega, marcada para o próximo domingo (25/01), especialmente nos organismos ligados ao mercado financeiro, o Bank of America Merrill Lynch em Londres tratou de acalmar seus investidores. A instituição enviou na última semana um informe aos clientes avaliando que o medo dos mercados pode não ter fundamento e compara o líder do Syriza, Alexis Tsipras, ao ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva.

Vejamos o ex-presidente do Brasil Lula da Silva (2003-2010), um ex-líder sindicalista de esquerda que demonstrou que o medo dos mercados [em relação a sua ascensão ao poder] era infundado, e agora lhe dão o crédito pela impressionante trajetória econômica do Brasil”, diz o comunicado.

Embora o ambiente externo da Grécia seja mais complicado, o caso de Lula prova que Tsipras poderia surpreender positivamente de forma semelhante os mercados, acelerando reformas estruturantes”, acrescenta.

No entanto, o banco adverte que a vitória do Syriza pode gerar “volatilidade nos mercados” durante o primeiro semestre do ano, enquanto o eventual governo estiver negociando um novo acordo sobre o pagamento da dívida pública grega, que, estima-se, está equivalente a 177% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O Syriza lidera as pesquisas de intenção de voto na Grécia, com cerca de 4 pontos percentuais de vantagem em relação ao governista Nova Democracia. No domingo (18/01), o jornal I Kathimerini publicou levantamento em que o partido de esquerda tem 34,5% das preferências, ante 30,2% do principal rival.

Reestruturação da dívida

Quanto à reestruturação da dívida, que é uma das promessas eleitorais de Tsipras, o banco destaca que “os últimos relatórios do FMI apontam a necessidade de uma reestruturação da dívida grega, com um corte de 35 bilhões de euros no cenário base e de 110 bilhões de euros no cenário pessimista. As nossas estimativas estão em linha com o cenário mais pessimista”.

O líder do Syriza defende que a dívida pública da Grécia, de cerca de 322 bilhões de euros (ou R$ 993,5 milhões), é insustentável e que as metas de pagamento aos credores, estabelecidas pela troika – grupo formado por Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu, que detém cerca de 80% da dívida -, são impraticáveis.

O resto da Europa não quer aceitar demandas pouco razoáveis da Grécia, diante da preocupação que existe sobre o crescimento da popularidade de partidos antieuropeus na Espanha, na Itália e em outros países”, pondera o banco.

‘Grexit’

Os investidores temem o fantasma do ‘Grexit’ – neologismo que se refere à saída da Grécia da zona do euro –, cenário que se criou desde 2010, quando o país se viu obrigado a pedir o resgate financeiro. Voltou à tona em 2012, quando o partido de direita Nova Democracia, do primeiro-ministro Antonis Samaras, venceu a acirrada eleição, mas o Syriza ganhou força.

A expressão, novamente, voltou à pauta com a possibilidade do partido de esquerda ascender ao poder, apesar de Tsipras já ter declarado que quer contribuir para a estabilidade na zona do euro, creditando a Samaras essas especulações com a finalidade de causar medo na população. Estima-se que a economia grega represente 2% do PIB da zona do euro.

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