Redação Pragmatismo
Contra o Preconceito 14/Nov/2013 às 16:46 COMENTÁRIOS
Contra o Preconceito

Site que estimula racismo, estupro e assassinato de gays tem mais de 30 mil denúncias

Publicado em 14 Nov, 2013 às 16h46

Site investigado pela Polícia Federal é um dos espaços mais repugnantes da internet. Autores, que debocham da justiça, estimulam o estupro corretivo de mulheres e o assassinato de negros e homossexuais

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Site que estimula violência contra a mulher é investigado pela Polícia Federal (reprodução)

A Polícia Federal (PF) investiga uma página na internet que prega morte de homossexuais, estupro e violência em geral contra mulheres, principalmente prostitutas e feministas, e contra negros. No ar desde 11 de setembro, o site, batizado de Homem de Bem, já foi denunciado 31.214 vezes para a organização não governamental (ONG) Safernet Brasil, que monitora violações aos direitos humanos na internet e atua em parceria com a PF e o Ministério Público.

Os textos são extremamente agressivos e muitas das fotos e vídeos sugerem assassinatos e outros crimes. Um texto publicado nesta semana pelo site defende violência sexual e a morte de duas adolescentes do interior de São Paulo que, em uma postagem no Facebook, zombaram de um atendente de uma rede de fast food. “Estuprem e matem uma vagabunda. Enquanto você trabalha para pagar seus estudos e sustentar sua família é isso que acontece”, prega o texto.

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O Homens de Bem está hospedado fora do Brasil, o que dificulta a localização de quem pode estar por trás dos ataques, que não poupam ninguém, nem mesmo a presidente Dilma Rousseff, tratada nos textos de maneira extremamente agressiva, e o papa Francisco. A PF não quis comentar o caso e informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que não se pronuncia “sobre assuntos em curso”.

O presidente da Safernet, Thiago Ribeiro, disse que há “indícios concretos” de que a página está sendo mantida por pessoas ligadas a uma rede desbaratada em março de 2012 pela Operação Tolerância, feita pela PF, depois de denúncias sobre um grupo que publicava na internet mensagens de apologia de crimes graves e violência, principalmente contra mulheres, negros, homossexuais, nordestinos e judeus, além da incitação a abuso sexual de menores. Na época foram presos Emerson Eduardo Rodrigues, morador de Curitiba (PR), e Marcelo Valle Silveira Mello, de Brasília, que arquitetavam um ataque a alunos do curso de ciências sociais da Universidade de Brasília (UnB). Responsáveis por páginas na internet batizadas com o falso nome de Sílvio Koerich, os dois foram condenados pela Justiça Federal do Paraná a seis anos de detenção por crime de racismo.

“Temos indícios concretos, já repassados para a PF, de que o grupo é o mesmo. Alguns textos nas páginas do Homens de Bem são os mesmos, os apelidos dos comentadores também se repetem”, afirma Thiago Ribeiro. Além disso, segundo ele, páginas ligadas à rede Silvio Koerich, que atuou durante sete anos, levavam o mesmo nome.

DEBOCHE

A página debocha da PF e da Justiça e diz que o governo brasileiro não vai conseguir tirar o domínio do ar. “O governo brasileiro é composto de funcionários públicos vagabundos, incompetentes e pilantras. As empresas que nos abrigam são norte-americanas, país que garante o direito à liberdade de expressão. Eu posso ser misógino o quanto quiser, posso ser machista, posso dizer o que eu penso”, diz um texto postado em 6 de outubro. A página defendeu esta semana o “rei do camarote”, empresário paulistano que deu entrevistas dizendo gastar R$ 50 mil em baladas e dando dicas de como usar o poder financeiro para conquistar mulheres.

“Mulheres são pedaços de carne à venda, isso é fato”, afirma a página. “Ele (“rei do camarote”) gasta com o que gosta e fica explícito que se diverte com aquilo. Ser escória é estudar numa federal, fazer curso de ciências sociais, dividir o quarto com outros cinco maconheiros sem rumo e ainda querer dizer como o mundo deveria ser”, diz o texto em defesa do empresário. A página diz ainda que mulheres são parasitas, a escória da humanidade, e que gays deveriam ser usados como cobaia em pesquisas e as lésbicas vítimas de estupro corretivo.

Estado de Minas

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