Redação Pragmatismo
Polícia Militar 24/Out/2013 às 15:56 COMENTÁRIOS
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Policiais fazem piada com família de Amarildo

Publicado em 24 Out, 2013 às 15h56

“Passamos por tanto sufoco, e agora a família ainda tem que ouvir piadinhas de policiais quando nos encontram nas ruas. Sempre perguntam: 'Cadê o Amarildo?' É difícil.”

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Ato lembra desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo (Reprodução)

Um dia após o Ministério Público divulgar com detalhes como o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza foi torturado e morto por policiais da UPP da Rocinha, parentes da vítima contaram que vêm sendo hostilizados por PMs na favela. Na quarta-feira, na casa onde mora a família da vítima, Michelle Lacerda, sobrinha de Amarildo, afirmou que policiais debocham e fazem piadas quando veem a viúva e a filha de 13 anos:
— Passamos por tanto sufoco, e agora a família ainda tem que ouvir piadinhas de policiais quando nos encontram nas ruas. Sempre perguntam: “Cadê o Amarildo?” É difícil.

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A PM informou que não recebeu qualquer denúncia de parentes do pedreiro e que todos os casos que chegam oficialmente ao comando são investigados.

Sobre a denúncia contra 25 PMs, a família de Amarildo, resignada, disse apenas que ela mostrou o que todos já sabiam. Anderson de Souza, filho do pedreiro, quer agora que os policiais revelem onde está o corpo.
— Queremos enterrar nosso pai — afirmou.

Amarildo torturado

Para a Polícia Civil, Amarildo foi torturado e morto depois de ter sido levado por policiais para a sede da UPP da Rocinha, um dia depois de a PM realizar a operação Paz Armada, que investigou o tráfico de drogas na Rocinha.

De acordo com o delegado titular da DH, Rivaldo Barbosa, que coordenou a investigação, as pessoas que se disseram vítimas de tortura de policiais da unidade foram ouvidas de março a julho deste ano para revelar detalhes do esquema do tráfico de drogas no local.

Todas as 22 testemunhas que narraram mecanismos de tortura apontam homens comandados pelo major Edson Santos (ex-comandante da UPP afastado no mês passado após ser denunciado pelo caso Amarildo) como agressores. Pela linha de investigação da polícia, Amarildo seria a 23ª vítima do grupo – e a única que foi morta.

Asfixia com saco plástico, choque elétrico com corpo molhado, introdução de objetos nas partes íntimas e até ingestão de cera líquida eram alguns dos “castigos” aplicados aos moradores da Rocinha, dentro e fora das dependências da UPP — alguns depoimentos falam em sessões de tortura em becos da comunidade, incluindo o beco do Cotó, onde, segundo a polícia, Amarildo foi sequestrado.

com agências

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