Redação Pragmatismo
Corrupção 23/Set/2013 às 16:11 COMENTÁRIOS
Corrupção

Mulheres sensuais eram trunfo de esquema de corrupção

Publicado em 23 Set, 2013 às 16h11

Luciane Hoepers, olhos verdes e aparições em revistas masculinas e programas de TV, integrava o rol de motivos com os quais a quadrilha desbaratada pela PF na Operação Miqueias convencia prefeitos a investir dinheiro da previdência municipal em fundo fraudulento

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Polícia Federal vê Luciane Hoepers na corrupção a prefeitos (Divulgação)

O escândalo de desvio de recursos de fundos de pensão de prefeituras e governos estaduais, que foi revelado pela Operação Miqueias da Polícia Federal, ganhou um novo componente para lá de explosivo. A quadrilha usava mulheres bonitas e sensuais para se aproximar de prefeitos, políticos ou pessoas que poderiam auxiliar no esquema fraudulento.

Uma dessas mulheres é Luciane Hoepers, 1,75 metro, 33 anos, olhos verdes, e que já está sendo chamada de Musa da Operação Miqueias. Ela é conhecida do meio televisivo, já foi garota do time de futebol Avaí, de Santa Catarina, participou do reality show Casa Bonita, atuou no Zorra Total e trabalhava como agente financeira do grupo Invista, operado pela quadrilha. A bela agora está presa.

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Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que foi Luciane quem almoçou com os deputados goianos Samuel Belchior, Daniel Vilela e Leandro Vilela – todos do PMDB. O encontro foi documentado em fotos pela PF. Ao jornal, Leandro disse que não se lembra da moça nem do almoço. Samuel disse em nota que se encontrou com uma “pessoa” que estaria sendo investigada pela PF, mas não revelou se era homem ou mulher.

O nome de deputados goianos aparecem em outra reportagem. Desta vez em O Globo. A matéria fez um perfil da musa Luciane Hoepers e publica até trecho de um diálogo dela com um prefeito identificado apenas como Júnior:

– Alô, prefeito Júnior. Tudo bem? Aqui quem fala é a Luciane da Invista. Tá lembrado?

– Tô lembrado, difícil esquecer.

A PF diz que Luciane é ligada ao doleiro Fayed Antoine Traboulsi, um dos líderes da quadrilha. As interceptações telefônicas mostram que ela mantinha vários contatos com políticos. Na lista de municípios onde Luciane procurou prefeitos e ex-prefeitos estão cidades de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e São Paulo.

Os grampos da PF mostram que no dia 26 de março deste ano Luciane comunicou a um dos chefes que iria almoçar com o filho do prefeito de Aparecida de Goiânia (GO), além de alguns deputados goianos. “Segundo ela, um deles é um deputado fortíssimo que vai sair na próxima eleição como candidato a governador do Estado”, afirma a reportagem.

O filho do prefeito é o deputado estadual Daniel Vilela. O prefeito é Maguito Vilela, ex-senador e vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos. O deputado fortíssimo seria Samuel Belchior, que já foi sondado pelo PMDB para ser o candidato do partido na sucessão estadual de 2014. O pai de Samuel, Lauro Belchior, era à época presidente do instituto municipal de previdência de Goiânia.

Matéria de O Popular (de Goiânia) desta segunda-feira fala do caso.

Daniel confirmou ao jornal que teve o encontro sim e foi numa reunião do PMDB em Brasília. Ele afirma que conheceu Luciane, mas não teve mais contato com a mulher. “Samuel Belchior não foi encontrado para comentar o caso, mas fontes próximas ao deputado confirmaram o encontro”, encerra o texto do jornal.

Planalto

As repercussões da Operação Miqueias preocupam o Palácio do Planalto. Na noite de sexta-feira (20), o assessor do Ministério das Relações Institucionais Idaílson Vilas Boas Macedo foi demitido após ser acusado pela PF de ser o lobista da quadrilha. Idaílson trabalhava diretamente com o subchefe de Assuntos Federativos da Presidência da República, Olavo Noleto, atualmente o goiano que ocupa o mais alto cargo no governo federal.

As investigações levaram à prisão de ao menos 20 pessoas em nove estados, além do cumprimento de dezenas de mandados de busca e apreensão. Entre os bens apreendidos constavam vários veículos de luxo, como uma Ferrari e uma Lamborguini. Ao longo de 18 meses de investigação, grupo teria movimentado R$ 300 milhões.

Brasil 247

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