Luis Soares
Colunista
Educação 30/Ago/2013 às 14:53 COMENTÁRIOS
Educação

A primeira paralisação estudantil da história do ITA

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 30 Ago, 2013 às 14h53

Estudantes do ITA fazem primeira paralisação da história do instituto. Reitoria promete atender a maior parte das demandas já neste semestre

Na última terça-feira (27) os alunos do ITA (Instituto de Tecnologia da Aeronáutica) fizeram a primeira paralisação da história do instituto. A iniciativa, previamente determinada para se estender por apenas 24 horas, tem como reivindicações mudanças no sistema pedagógico e de avaliação, além de maior representação discente e combate a casos de abusos cometidos por professores por parte das instâncias superiores do instituto.

paralisação ita estudantes

O Instituto Tecnológico de Aeronáutica é considerado um centro de excelência na formação de engenheiros no Brasil (Foto: Divulgação)

A paralisação foi aprovada em assembleia por cerca de 300 alunos, 70% do corpo discente. Em nota, o Casd (Centro Acadêmico Santos Dumont) relacionou todas as reivindicações dos estudantes: abertura de sindicâncias para casos de abusos evidentes por parte de docentes; afastamento do professor da disciplina se solicitado por 100% dos alunos; garantia de ampla defesa ao aluno em situação de desligamento; aproveitamento dos créditos já realizados no semestre anterior por alunos com o curso trancado.

Além destas reivindicações, o Casd enumera outras consideradas urgentes e que precisam ser atendidas pela reitoria de imediato como a transparência na distribuição de pesos nas questões de avaliações; esclarecimento dos critérios de correção; definição das regras do sistema de avaliação de cada disciplina no início do semestre; criação de um mecanismo que permita aos alunos invalidar uma avaliação incoerente com o conteúdo ministrado em sala de aula; cópia de avaliações antes da correção para evitar que, no caso de uma reavaliação, o segundo corretor não se sinta constrangido em alterar a nota de um colega docente; e que a atividade de docência tenha mais peso na progressão de carreira do professor e que a avaliação dos alunos sobre o mesmo seja considerada neste processo.

Leia também

“Decidimos paralisar as atividades pedindo mudanças tanto no sistema pedagógico quanto no processo avaliativo. Próximo à paralisação, o reitor pediu para chamar os professores para debater os problemas junto a eles. A reunião foi muito positiva. Muitos professores não tinham ideia do quão desmotivados os alunos estavam. Já tínhamos tratado dessas reivindicações antes, mas sem um resposta mais efetiva e um prazo da direção. Com a paralisação, tivemos a palavra do reitor de que haveria a formação de um grupo de trabalho para dar encaminhamento a 90% dessas reivindicações”, disse em entrevista ao jornal O Globo, Marcus Gualberto Ganter, presidente do Casd.

Carlos Américo Pacheco, reitor do ITA, afirmou que a maioria das reivindicações dos alunos convergem com os planos da instituição e serão atendidas. Pacheco afirmou ainda que o instituto está em processo de reformulação e implantação de uma parceria com o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e que, portanto, uma reforma no sistema pedagógico já era prevista, mas que este processo leva tempo.

“A agenda dos alunos é bastante pragmática, de coisas menores. A reforma é mais ampla, de tentar mudar a abordagem do ensino da engenharia. Boa parte das reivindicações dos alunos é fácil de atender no curto prazo. O ITA tem um regime muito duro de avaliação. É muito difícil entrar na escola. O questionamento maior é de poucos casos, um em cada curso, em que há uma sobrecarga de trabalho ou critérios de avaliação pontuais. Eles reclamam do regime muito duro no conjunto: carga e pressão muito grandes. Boa parte do que foi conversado vamos ver como operacionalizar ainda este semestre”, disse o reitor.

Por fim, Ganter afirma que o Casd irá trabalhar para que a palavra do reitor seja, de fato, cumprida. Segundo o presidente do entidade estudantil, as reivindicações precisam ser transformadas em moções que posteriormente, tem de ser aprovadas pela Congregação do instituto.

Revista Fórum, com O Globo

Recomendações

COMENTÁRIOS