Luis Soares
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Homofobia 20/Jun/2013 às 14:20 COMENTÁRIOS
Homofobia

Ativista gay pede aposentadoria após aprovação de 'cura'

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 20 Jun, 2013 às 14h20

Com aprovação da “cura”, ativista pede aposentadoria retroativa por ser gay

A aprovação, na última terça-feira, de uma proposta que permite a psicólogos tratar a homossexualidade como doença abriu o caminho para que gays, lésbicas e transexuais peçam aposentadoria compulsória por invalidez, na avaliação de ativistas homossexuais.

“Se somos doentes, somos inválidos. Logo, temos que nos aposentar”, afirma Toni Reis, 49, diretor-executivo do grupo Dignidade, de apoio a homossexuais.

cura gay protesto

Cura gay foi aprovada na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, presidida pelo pastor Marco Feliciano (PSC) – Foto: Agência Câmara

Ele foi o primeiro a encaminhar, na quarta-feira, pedido de “aposentadoria compulsória retroativa por homossexualismo” aos ministros Garibaldi Alves (Previdência Social) e Alexandre Padilha (Saúde).

“Sendo uma dessas pessoas inválidas, devido à minha condição homossexual que é de notório saber, venho por meio deste requerer minha aposentadoria compulsória, com direito a acompanhante especializado, retroativa até o início das primeiras manifestações da minha homossexualidade, por volta do ano de 1970”, afirma Reis no requerimento.

A comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aprovou proposta que ficou conhecida por críticos como “cura gay”, porque permite a psicólogos oferecer tratamento para a homossexualidade.

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A votação foi comandada pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente do grupo e alvo de protestos que o acusam de racismo e de homofobia.

O projeto ainda precisa ser aprovado por duas outras comissões antes de ser votado no plenário da Câmara.

Toni Reis admite que o pedido de aposentadoria é uma forma “risível” de protestar contra a aprovação do projeto e afirma que é uma resposta paga na mesma moeda.

“Já que eles querem brincar com a nossa cidadania, nós vamos usar isso [pedido de aposentadoria] de forma muito tranquila”, disse.

Ele propõe ainda que o benefício a ser pago como aposentadoria seja o equivalente a 24 salários mínimos.

No documento, o ativista reconhece o risco de “quebrar” a Previdência Social caso todos os brasileiros homossexuais tomem a mesma atitude, e por isso sugere que o deficit seja debitado dos salários dos deputados que aprovaram a proposta, do fundo social do pré-sal ou dos lucros obtidos com a construção de estádios para a Copa das Confederações.

Segundo Toni Reis, pelo menos outras 15 pessoas lhe disseram que fariam o mesmo pedido.

Patrícia Brito, FolhaPress

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