Luis Soares
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Preconceito social 10/Set/2012 às 21:43 COMENTÁRIOS
Preconceito social

Dor e humilhação: pai carrega filho morto em carroça até o Hospital Geral

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 10 Set, 2012 às 21h43

O pai da vítima destacou que acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas “por residir em um local pobre o serviço foi negado”

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Após esperar horas, pai leva corpo do filho falecido em carroça para hospital. Foto: divulgação

Um pai desorientado e sem saber qual procedimento fazer levou na manhã desta segunda-feira (10) o filho morto em uma carroça até o Hospital Geral do Estado (HGE), localizado no bairro do Trapiche, em Maceió.

Eduardo Araújo de Souza, 34 anos, morreu após, supostamente, lhe ter sido negado atendimento médico, em sua residência, localizada na Favela Sururu de Capote, no bairro do Vergel, a poucos quilômetros do HGE, na noite do último domingo (9).

O pai da vítima, José Everaldo, 52 anos, destacou que o filho era alcoólatra e que acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas “por residir em um local pobre o serviço foi negado”.

“Isso porque sou pobre, caso contrário teria como pagar um plano de saúde e ter salvo a vida do meu filho ou até mesmo o teria colocado em uma clinica de recuperação”, desabafou Everaldo.

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O pai ainda foi orientado por vizinho a procurar o Instituto Médico Legal (IML), porém ele foi informado que é de competência do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) fazer o translado do corpo por se tratar de morte clinica.

“Foi necessário alugar uma carroça e conduzir o cadáver do meu filho para o Hospital Geral, já que não posso usufruir de um atendimento honroso”, destacou o pai desconsolado.

A cena chamou a atenção dos transeuntes e condutores que trafegavam na região. O corpo só foi recolhido pelo SVO após a chegada da imprensa. “A culpa é da família que não ligou para a gente”, destacou um agente do SVO.

“Como é que não ligamos, liguei para Deus e o mundo, mas ninguém me socorreu. Foi este o único jeito encontrado para enterrar o meu filho”, concluiu José Everaldo.

Railton Teixeira, Brasil de Fato

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