Luis Soares
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Saúde 22/Set/2012 às 12:27 COMENTÁRIOS
Saúde

Maconha combate câncer agressivo e impede metástase, revelam estudos

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 22 Set, 2012 às 12h27

Não é a primeira vez que um estudo aponta efeitos benéficos da Cannabis Sativa no tratamento do câncer. Outras pesquisas revelaram que a maconha pode matar células cancerígenas e evitar o enjoo em pacientes submetidos à quimioterapia

maconha câncer agressivo

Cientistas norte-americanos descobriram que Cannabidiol impede metástase de células cancerígenas. Foto : divulgação

Em breve, pacientes diagnosticados com câncer podem não ter mais que temer o risco de tumores se espalharem pelo corpo. Cientistas do Centro Médico Pacífico da Califórnia, em São Francisco, acreditam ter descoberto uma forma de impedir a metástase, que consiste em uma das principais causas da morte de pessoas com a doença.

A substância “milagrosa” é o Cannabidiol ou CBD, um composto derivado da maconha que não possui efeito psicoativo. Os microbiologistas Sean McAllister e Pierre Desprez aplicaram o CBD em células com alta concentração do ID-1, gene cancerígeno responsável pela metástase, e o processo de reprodução celular voltou ao normal.

“O que descobrimos foi que o Cannabidiol pode desativar esse gene”, explicou Desprez ao jornal norte-americano Huffington Post. As células pararam de se difundir e imigrar para outros tecidos.

Os pesquisadores publicaram a descoberta em 2007 e, agora, preparam a divulgação de um estudo ainda mais aprofundado sobre o assunto e que pode revolucionar o tratamento do câncer. Nesta nova etapa, os testes foram realizados em células de laboratório de diversos tipos da doença e em animais.

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“Nós começamos pesquisando câncer de mama. Mas atualmente descobrimos que o Cannabidiol também funciona com outros tipos de câncer agressivo – cerebral, na próstata – em qualquer tipo que o gene ID-1 esteja presente em alto nível”, disse Desprez ao Huffington Post.

Os resultados obtidos foram extremamente positivos e a dupla se prepara para iniciar a pesquisa com humanos. “Os dados dos ensaios pré-clínicos são muito fortes, e não há nenhuma toxicidade. Há realmente uma série de pesquisas para serem feitas e deixar as pessoas animadas”, comemorou McAllister ao jornal norte-americano San Francisco Chronicle.

Usuários da maconha podem estar contentes com a descoberta, mas devem saber que o tratamento não será tão simples quanto acender a um cigarro da erva. Desprez explicou que, para evitar que as células cancerígenas se espalhem, os pacientes precisam de uma dose alta de Cannabidiol que não é encontrada na composição natural da Cannabis Sativa.

“Nós usamos injeções nos testes com os animais e também estamos testando pílulas”, disse ele. “Mas você nunca poderia ter o suficiente Cannabidiol para a cura ser eficaz apenas fumando maconha”, acrescentou.

Outros estudos

Não é a primeira vez que um estudo aponta efeitos benéficos da Cannabis Sativa no tratamento do câncer. Além de o Cannabidiol ser utilizado para acalmar e evitar o enjoo em pacientes submetidos à quimioterapia, outras pesquisas revelaram que a substância psicoativa da maconha pode matar células cancerígenas.

Em 2006, equipe de cientistas espanhóis coordenada por Manuel Guzman conduziu o primeiro teste clínico da ação do THC (tetrahidrocanabinol) em pacientes internados com câncer no cérebro. Os pesquisadores introduziram a substância pura nos tumores de nove pessoas, que não haviam respondido aos tratamentos convencionais de cura do câncer. Em todos os casos, o THC conseguiu reduzir a proliferação das células cancerígenas.

Na mesma época, cientistas da Universidade de Harvard reportaram que tumores malignos no pulmão diminuem seu crescimento se expostos ao elemento psicoativo da maconha. “O THC reduz significantemente a habilidade do câncer se espalhar”, afirmou em relatório o grupo citado pela revista norte-americana Daily Beast.

Em contraposição às práticas de quimioterapia e radioterapia, as substâncias derivadas da maconha não danificam o corpo dos pacientes, atuando apenas nas células cancerígenas.

Marina Mattar, Opera Mundi

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