Redação Pragmatismo
Religião 21/Abr/2012 às 00:10 COMENTÁRIOS
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"É preguiça mental crer que um Deus criou tudo", afirma cientista

Publicado em 21 Abr, 2012 às 00h10

O astrofísico disse que a ciência está longe de ter uma resposta para tudo, mas a cosmologia tem explicações para a criação e a evolução de todo o univerno, “um tema que não é mais do domínio exclusivo da teologia”.

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Krauss admite que as versões da ciência para a criação do universo são mais complicadas que as da religião, “mas são muito mais interessantes”, afirma.

Quem acredita que um deus criou o universo tem preguiça mental porque hoje a ciência dá informações que permitem pensar sobre a origem de tudo. A afirmação é do astrofísico americano-canadense Lawrence Krauss, 57, autor de “A Física de Jornada nas Estrelas”, entre outros livros.

Krauss disse que até o século 16 a religião tinha o monopólio das explicações sobre a criação. Mas isso — disse — mudou com os estudos de Nicolau Copérnico (1473-1543), Galileu Galilei (1564-1642) e com Isaac Newton (1643-1727).

“Tudo mudou quando, há 300 anos, Newton explicou que o movimento dos planetas podia ser compreendido por meio de leis físicas bem simples que não requeriam a intromissão dos anjos”, disse Krauss em entrevista a Peter Moon, de Época.

“O avanço da física, da química e da biologia nos fez desvendar o funcionamento da matéria e dos fenômenos biológicos”, afirmou. “Ao mesmo tempo, esse avanço foi reduzindo o alcance do termo milagre até deixá-lo restrito ao que teria existido antes do big-bang, a explosão primordial que criou o universo há 13,7 bilhões de anos.”

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O astrofísico disse que a ciência está longe de ter uma resposta para tudo, mas a cosmologia tem explicações para a criação e a evolução de todo o univerno, “um tema que não é mais do domínio exclusivo da teologia”.

Krauss comparou a ciência, movida pelas interrogações e dúvidas, com a religião, cujas “verdades” são inquestionáveis. “A religião alegava ter as respostas para as perguntas mais básicas do universo e da vida antes mesmo de essas perguntas terem sido feitas.”

“A ciência lida muito bem com a existência de mistérios à espera de ser revelados. Sempre haverá perguntas sem resposta e mistérios a descobrir.”

Ele admitiu que as versões da ciência para a criação do universo são mais complicadas que as da religião, “mas são muito mais interessantes”.

“O universo tem uma imaginação muito maior que a nossa, e seus fenômenos, como a explosão de supernovas ou a criação de buracos-negros, são muito mais fascinantes do que os contos de fadas criados por gente que viveu há milhares de anos, muito antes de descobrirmos que a terra orbita o sol e que não estamos no centro do universo.”

O astrofísico disse que, como agora os religiosos se dedicam mais ao que teria ocorrido antes do big-bang, eles estão se defrontando com um paradoxo sobre o qual evitam falar: se Deus criou tudo, Ele se criou?

“Os religiosos nunca tocam na questão da criação de Deus, pois essa é ainda mais confusa do que a solução religiosa que deram para a criação do universo. Para os religiosos, Deus simplesmente existe, não importando quantas e quão fortes sejam as evidências que a ciência fornece para indicar a extrema improbabilidade de tal coisa ser verdade.”

Para Krauss, há indícios de que o universo foi criado a partir do nada.

“O vácuo pode ser inteiramente vazio de matéria, mas não de energia. Se pudéssemos observar o vácuo em dimensões infinitamente pequenas e lapsos de tempo infinitamente curtos, muito menores e mais curtos do que a tecnologia atual é capaz de fazer, veríamos que o vácuo é tudo, menos estático, e que nele partículas pipocam a partir do nada e desaparecem instantaneamente. Em determinadas condições, entretanto, essas partículas virtuais não precisariam necessariamente desaparecer.”

Para o astrofísico, a ciência tem explicação para quase tudo que aconteceu desde que o universo foi criado, há 13,7 bilhões de anos. Por isso, disse, a ideia da existência de um deus não é sequer irrelevante, mas redundante. “Deus e os milagres se tornaram obsoletos.”

Paulopes

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