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Mídia desonesta 19/Mar/2012 às 12:41 COMENTÁRIOS
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Luciano Huck defende Thor, filho de Eike Batista, em tragédia que matou ciclista

Publicado em 19 Mar, 2012 às 12h41

Luciano Huck esquece que para julgar, seja para condenar ou inocentar, é preciso antes ter informações. Afinal, do outro lado, também havia uma pessoa. Não um bilionário, mas um brasileiro comum, como muitos daqueles que são ajudados nos seus programas e que alimentam sua fama de bom rapaz

Luciano Huck Thor Aécio EikeO apresentador Luciano Huck é um dos representantes do poder no Brasil. Garoto propaganda de diversas marcas, o “bom moço” da Rede Globo sempre emprestará seu prestígio ao poder. Com Eike Batista, não poderia ser diferente. Ele acaba de postar no Twitter que o acidente envolvendo Thor Batista, filho do bilionário, e o ciclista Wanderson Pereira dos Santos foi uma “fatalidade”. Isso porque Thor não teria bebido e também prestado socorro.

Huck, evidentemente, não estava lá para julgar. Não viu o que aconteceu. Não testemunhou o atropelamento. Portanto, não tem elementos para assegurar que foi uma fatalidade. Eis algumas questões que o representante do bom-mocismo ignora:

– e se o carro, que não foi periciado, estivesse acima da velocidade permitida?

– e se o ciclista tiver sido atropelado no acostamento, como afirma uma testemunha?

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– fosse outro o motorista, seria liberado antes de ir à delegacia?

Para julgar, Huck, seja para condenar ou inocentar, é preciso antes ter informações. Afinal, do outro lado, também havia uma pessoa. Não um bilionário, mas um brasileiro comum, como muitos daqueles que são ajudados nos seus programas e que alimentam sua fama de bom rapaz.

Por que Luciano Huck saiu em defesa do milionário antes da realização de uma perícia? Porque o apresentador sabe que no Brasil todo mundo que dispõe de dinheiro costuma contratar peritos particulares para fazer o chamado contra-laudo. O estatuto do Direito, em que a deusa da Justiça, Artemis Têmis, aparece atavicamente com os olhos vendados, prevê a confecção de contra-laudos (para oxigenar a impacialidade do processo). Foi assim no caso de PC Farias, ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Collor. Eike Batista vai contratar peritos particulares… e cabe a Luciano Huck simplesmente viciar o processo, pelo atalho da contaminação da opinião pública — de onde costumam vir os jurados.

Cláudio Tognoli – Brasil 247

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