Luis Soares
Colunista
Política 19/Out/2011 às 21:44 COMENTÁRIOS
Política

Presidenciável promete cerca elétrica mortal nos EUA para exterminar imigrantes

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 19 Out, 2011 às 21h44
Certa vez, Demétrio Valentini foi certeiro ao dizer que cercas e muros não conseguem deter a vida, porque a vida não se limita a fronteiras abertas para o comércio e para a circulação de pessoas. Muitos estadunidenses ainda não aprenderam isso.
O homem da foto pode ser o próximo presidente dos Estados Unidos. Ele é Herman Cain, que passou de desconhecido azarão a scandidato sensação dos republicanos nesse período de debates entre os que postulam o direito à indicação do partido para enfrentar Barack Obama no pleito de novembro do ano que vem.

É verdade que os muitos pretendentes republicanos estão em processo de autofagia, cada um que cresce nas pesquisas vira alvo dos demais. E assim já tivemos pelo menos uns três que chegaram ao topo, tornaram-se favoritos,  mas foram abatidos pela artilharia dos seus pares.

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Mas o nosso personagem de hoje, Herman Cain, afro-americano como Obama, estava no grupo dos figurantes, praticamente zero  chance.  Eis que,  de repente, o homem inventou um plano de governo baseado nos números 9-9-9, que nem ele sabe explicar direito, e isso provocou a curiosidade da mídia que lhe abriu generosos espaços.

Dai em diante, Cain subiu feito um foguete nas pesquisas e agora disputa cabeça com cabeça a preferência dos eleitores republicanos e é o único que vence Obama, por 43 a 41%, em simulações do presidente com os demais postulantes republicanos.

Mas há um detalhe a ser levado em conta.  Essas pesquisas foram feitas nos dias 14 e 15 de outubro. De lá para cá,  Cain andou metendo os pés pelas mãos e agora corre o risco de despencar.  Há candidatos que, quanto mais aparecem na mídia,  maior o risco de mostrar sua incapacidade para ocupar o cargo de presidente dos Estados Unidos.

Foi o que aconteceu no último domingo, durante entrevista na TV.  Perguntado sobre a questão migatória, Herman Cain disse que seu plano era aumentar a altura do muro que separa a fronteira EUA-México e equipá-lo com uma cerca eletrificada mortal, para acabar com a imigração ilegal naquela área.

Uma declaração no mínimo grosseira e ofensiva à imensa comunidade latina, sobretudo mexicana, que vive e vota nos EUA. Pode ser que pelo teor racista e nazistóide de seu projeto, Cain consiga arrebanhar votos entre os mais conservadores, mas  com certeza perdeu os votos dos hispânicos, cerca de 15% do eleitorado. Indocumentados não votam, sabe-se, mas seus parentes e amigos, sim.

Certamente admoestado por seus assesores, Cain rapidamente saiu em campo para tentar apagar o incêndio causado pela declaração de péssimo gosto. E numa entrevista à CNN, garantiu que a história da cerca letal não passou de uma brincadeira e prometeu que vai ser mais cuidadoso ao escolher suas palavras daqui por diante.

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“Não aprendi a ser politicamente correto”, disse ele a John King, da CNN.

Enquanto os republicanos se desgastam em debates e declarações que visam a derrubada do adversário que está dentro da mesmo casa, Obama assiste de camarote. E apesar da recessão e do desemprego, ele está nas ruas disputando a simpatia do eleitor.

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Eliakim Araujo, Direto da Redação

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