Luis Soares
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Política 03/Out/2011 às 17:24 COMENTÁRIOS
Política

Danilo Gentili: 'Se Dilma foi presa e torturada, é porque foi idiota'

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 03 Out, 2011 às 17h24
Luis Soares, Pragmatismo Politico
Você provavelmente deve conhecer alguém capaz de oferecer um pedestal para um boçal
O jornal britânico The Guardian publica matéria essa semana destacando uma possível febre enlouquecida por apresentadores de comédia stand-up no Brasil (recuso-me a intitulá-los humoristas). O título da matéria é ‘Comediantes brasileiros de stand-up lideram revolução contra a poderosa elite‘, e Danilo Gentilli, integrante do programa CQC e contratado da rede bandeirantes de televisão, é tratado como um dos líderes desse movimento.

Tom Phillips, jornalista que assina a matéria, chega a essa conclusão com base em critérios completamente chulos. Ele acompanhou a performance de Gentili em alguns de seus shows, ficando impressionado com a reação do público que o ovacionou com energia desmedida. Também o impressiona o número de pessoas que seguem Gentili na rede social Twitter. Mas isso bastaria para alçar alguém à posição de, pasmem, líder brasileiro no novo milênio

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Seria preferível levar em conta o perfil da plateia que costuma se encantar com esse tipo de ‘comédia’ nos dias atuais. Sem querer rotulá-los, mas sofrer crise de risos com uma piada que refere-se à tortura de forma banal, é atestado de total desconhecimento da história do Brasil. Transcrevo Gentili: “Um presidente tem que ser esperto.  Se ela foi capturada e torturada, é porque foi estúpida“. De acordo com a matéria do Guardian, a frase citada reflete o ápice do show, sendo o momento mais divertido dos 80 minutos de monólogo. Assim reage a claque.

As mesmas pessoas que se divertem com essas colocações de mau gosto, são as que também não contiveram o riso quando Rafinha Bastos, amigo de Gentilli, falou pejorativamente de mulheres que amamentam em público, e que ‘mulheres feias devem agradecer ao serem estupradas‘. Não, esse público está longe de refletir a realidade nacional, assim como os seus famigerados líderes, mais preocupados em enriquecer as suas contas bancárias e integrar a elite econômica disseminando baboseiras, do que realmente contrariar uma suposta elite.

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Se querem mesmo buscar uma imagem de líder ascendente na América Latina, tomem a chilena Camila Vallejo como exemplo, que encabeça um movimento engajado em mudar a realidade educacional do seu país, através de propostas consistentes, defendidas sob a ótica da racionalidade e com mobilizações populares de proporções tamanhas que impressionam o mundo, no cotidiano real, do embate, nas ruas.

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