Redação Pragmatismo
EUA 06/Mai/2011 às 14:47 COMENTÁRIOS
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Michael Moore comenta assassinato de Bin Laden e lamenta celebrações

Publicado em 06 Mai, 2011 às 14h47

O cineasta Michael Moore disse nesta quinta-feira que a morte do líder da rede Al-Qaeda, Osama bin Laden, em uma operação das forças especiais dos Estados Unidos, foi uma “execução”, lamentando as celebrações que houve no país.
– Não acho que Jesus iria ao Marco Zero com garrafas de champanhe, como muita gente fez no domingo, para celebrar a morte de bin Laden. Acho que é bom que Osama bin Laden não esteja mais vivo, mas celebrar a morte vai além dos princípios com os quais cresci em uma família católica irlandesa – disse Moore, conhecido por documentários que fazem críticas à política de Washington como Tiros em Columbine e Farenheit 9/11, em uma entrevista à rede norte-americana de TV CNN.

Moore referiu-se às celebrações espontâneas surgidas no domingo, após a morte de bin Laden ser divulgada, em Washington, em torno da Casa Branca, e em Nova York, ao redor do Marco Zero, onde a Al-Qaeda realizou o atentado contra as torres gêmeas do World Trade Center, matando cerca de três mil pessoas.

– Foi um momento emocionalmente muito forte, mas também vi como havia afetados lá, mas não o viram como um dia positivo. As pessoas que perderam os seus estavam afetados – assinalou.

Para Moore, bin Laden foi “executado” pelos Seals, a tropa de elite da Marinha norte-americana, e recriminou as autoridades por não reconhecerem isso em público.

– A versão mudou várias vezes em quatro dias. Se a intenção era matá-lo, por que não dizem?

No entanto, o cineasta demonstrou otimismo com o futuro e assinalou que este pode ser um ponto de inflexão para os Estados Unidos.

– É uma grande oportunidade para começar uma nova era – disse.

Moore apoiou a decisão do presidente norte-americano, Barack Obama, de não publicar as fotografias da morte do líder da Al-Qaeda, e considerou “grotesco” que as pessoas queiram vê-las.

– Não quero ver. Acredito no presidente e é suficiente. Neste país temos pena de morte e não publicamos as fotos nem televisionamos a execução, e todos acreditam que a execução foi feita – disse.

Diante da reprovação do apresentador Piers Morgan, que lhe perguntou onde deixara seu ceticismo, Moore assinalou que Obama “ganhou a confiança da maioria dos americanos com suas políticas e as decisões que tomou” e que nestes dois anos em que esteve no poder “disse a verdade”.

– É diferente quando se anuncia que há armas de destruição em massa em um país quando há gente do serviço de inteligência que trata de dizer o contrário e o país é levado a uma guerra – disse Moore em referência à Guerra do Iraque, autorizada pelo hoje ex-presidente George W. Bush.

Quanto às promessas não cumpridas de Obama, como o fechamento do centro de detenção para suspeitos de terrorismo em Guantánamo (Cuba), assinalou que “gostaríamos que já tivesse sido feito, mas não quer dizer que não será feito”.

Encontro com os Seals

Ainda nesta sexta-feira, Obama reuniuse com os integrantes do comando de elite da Marinha norte-americana, os Seals, que mataram bin Laden no último domingo, revelou uma fonte do governo. O presidente “terá a oportunidade de agradecer pessoalmente a determinados membros das operações especiais envolvidos na ação (contra bin Laden) em Fort Campbell”, uma base militar no Estado do Kentucky (centro-leste), indicou um alto funcionário do governo americano à agências francesa de notícias AFP, pedindo anonimato.

Na quarta-feira, o presidente já havia recebido na Casa Branca o almirante William McRaven, coordenador de operações especiais do Pentágono, para “agradecer pessoalmente” pelo êxito da ação de domingo, quando os Seals encerraram uma busca de 10 anos pelo chefe da rede Al-Qaeda, segundo a mesma fonte. Segundo informações da imprensa norte-americana, o comando que executou a operação contra a residência de bin Laden na noite de domingo na cidade de Abbottabad, no Paquistão, foi integrado por membros do Team 6 dos Seals, as forças especiais da Marinha, uma unidade tão secreta que suas missões jamais são confirmadas.

Morte imediata

No final da noite de 1º de maio (madrugada do dia 2 no Brasil), o presidente Barack Obama anunciou a morte do extremista islâmico bin Laden.

– A justiça foi feita – afirmou Obama num discurso histórico representando o ápice da chamada Guerra ao Terror, iniciada em 2001 pelo seu predecessor, George W. Bush. Osama foi encontrado e morto em uma mansão na cidade paquistanesa de Abbottabad, próxima à capital Islamabad, após meses de investigação secreta dos Estados Unidos .
A morte de bin Laden – o filho de uma milionária família que acabou por se tornar o principal ícone do terrorismo contemporâneo -, foi recebida com enorme entusiasmo nos Estados Unidos e massivamente saudada pela comunidade internacional. Três dias depois e ainda em meio resquícios de dúvidas sobre o fim de Bin Laden, a Casa Branca decidiu não divulgar as fotos do terrorista morto pelos Seals. Enquanto isso, Estados Unidos e Paquistão debatem entre si as responsabilidades e falhas na localização do líder da Al-Qaeda.

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