Luis Soares
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Política 13/Abr/2011 às 10:13 COMENTÁRIOS
Política

PSDB deve esquecer os pobres, é o que pede FHC

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 13 Abr, 2011 às 10h13
Pragmatismo Político

O “príncipe da sociologia” dá as cartas

FHC resolveu assumir verdadeiramente sua aversão e a do seu partido aos movimentos sociais e às classes mais populares. O PSDB já nasceu moderado, mas foi durante os oito anos de poder que deu forte guinada rumo ao conservadorismo quando escolheu o PFL (atual DEM) como principal aliado. Não é de todo mal para os rumos da política brasileira que finalmente coloquem as cartas na mesa sem dissimulações. Pelo contrário: quanto menos hipocrisia, melhor.

Em matéria desta terça-feira, 12, na Folha de S. Paulo, FHC diz que o PSDB deve mudar de foco e não disputar mais com o PT a influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”. Se insistirem , PSDB e aliados, “falarão sozinhos”, conforme o tucano.

As observações de FHC farão parte de um artigo/manifesto que será publicado nesta semana em pregará uma revisão profunda sobre as estratégias do PSDB e partidos aliados para retomar o poder. O tucano acha que oposição, agora, deve conquistar a classe média. Leia a seguir a íntegra da reportagem de Daniela Lima.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende em artigo que será publicado nesta semana uma revisão profunda da estratégia adotada pelo PSDB e pelos demais partidos de oposição para voltar ao poder.

Numa espécie de manifesto, ele afirma que a oposição deveria desistir de conquistar as camadas mais pobres do eleitorado e se conectar com a nova classe média produzida pelo crescimento econômico dos últimos anos.

“Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, falarão sozinhos”, diz o ex-presidente.
Ele observa que a classe média não participa da vida política do país como no passado, mas está presente em lugares onde os partidos praticamente não existem, como as redes sociais da internet.

“Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesses dessas camadas”, diz.
O artigo aparecerá no novo número da revista “Interesse Nacional”, que será publicado na quinta. E no site interessenacional.uol.com.br.

FHC diz que a presidente Dilma Rousseff (PT) poderá conquistar eleitores que mantiveram “certa distância” do ex-presidente Lula.

“Dilma, com estilo até agora contrastante com o do antecessor, pode envolver parte das classes médias. Estas […] mantiveram certa reserva diante de Lula”, avalia.

FHC critica os governos que o sucederam e o próprio partido. “Uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar e insistir em escusas que jogam a responsabilidade no terreno “do outro'”, afirma.

Em 2010, o ex-governador José Serra brigou por meses com o senador Aécio Neves pela liderança da chapa. Ganhou internamente, mas perdeu para Dilma.

FHC diz que a oposição não defendeu seu legado.

“Segmentos numerosos das oposições de hoje aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência”, avalia.

O ex-presidente deu a seu artigo o título “O papel da oposição”, o mesmo de um texto célebre que publicou na década de 1970, quando fazia oposição à ditadura militar.

E comparou a situação da época com a vivida hoje, com o PT ao poder.

“Diante do autoritarismo era mais fácil fincar estacas em um terreno político”, diz.

Ontem, em após o lançamento do livro “Ruth Cardoso Fragmentos de Uma Vida”, de Ignácio de Loyola Brandão, ele disse que é cedo para avaliar os 100 primeiros dias de Dilma. Avaliou que não basta falar de austeridade fiscal contra a inflação, mas praticá-la.

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Pragmatismo Político e Daniela Lima

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