Luis Soares
Colunista
Política 30/Ago/2010 às 17:25 COMENTÁRIOS
Política

A vida dos angolanos e das angolanas em números

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 30 Ago, 2010 às 17h25
Mais de setenta e oito por cento dosangolanos que residem em áreas consideradas urbanas estão em habitaçõesconstruídas com materiais não apropriados, segundo o resultadodefinitivo do Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População (IBEP)feito em todo o país entre os meses de Maio de 2008 e Junho de 2009pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), afecto ao Ministério doPlaneamento.
O inquérito, que contoucom o apoio da Organização das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) edo Banco Mundial, conclui também que 42, 5 por cento da população daszonas urbanas mora em habitações sobrelotadas, assim como 90, 9 resideem condições não apropriadas.
Os resultados, retirados de uma amostrade 12.200 agregados familiares, de um universo de população estimadaentre os 16 e 18 milhões de habitantes, ressaltam que somente 40, 2 porcento tem acesso à electricidade. Os maiores beneficiários são oshabitantes das áreas urbanas, que nos indicadores avançados pelo IBEP,perfazem um total de 66, 3 por cento, contra os 8, 6 que compreendem osindivíduos que moram em zonas rurais que não vivem à luz de velas ecandeeiros a petróleo.
O arquiteto Ilídio Daio, membro daOrdem dos Arquitectos de Angola, concorda com os indicadores avançadospelo inquérito. Ele considera que a maioria das pessoas fezautoconstrução não dirigida, sem condições de saneamento. “Esses dadosindicam que a maioria vive em situação de risco, construíram casas comblocos de cimento e chapas de zinco, mas sem acompanhamento técnico”,disse o arquiteto.
Ilídio Daio, que se especializou emhabitações de baixo custo no Reino de Espanha, garante que asobrelotação que se assiste, particularmente em Luanda, exerce umaforte pressão demográfica sobre a própria cidade capital, onde cerca de10 pessoas vivem num apartamento com apenas dois quartos.
Essa sobrelotação, segundo o nossointerlocutor, faz com que em muitos prédios a água não chegue aosandares mais altos, provoque rotura nos esgostos e nos próprios imóveis.
“É mais em Luanda. É um caso que está àbeira da rotura, está no limite. Por isso, os indicadores são esses.Era preciso criar novas centralidades como o Zango e a do Kilamba Kiaxipara desafogar o centro e aliviar a pressão. As pessoas vivem em zonasurbanas, mas em condições não apropriadas. Elas sobrevivem”, acreditaIlídio Daio.
Por outro lado, os cidadãos das zonasrurais estão em maioria com 92 por cento quanto à utilização decombustíveis sólidos para cozinhar. Os citadinos perfazem apenas 33, 4por cento. Em todo o país, segundo os dados avançados ontem na EscolaNacional de Administração, no município da Samba, totalizam 61, 3 porcento os que recorrem diariamente a produtos como o carvão, lenha eoutros tipos de combustíveis sólidos para confeccionar os alimentos.
Menos de metade da população angolanatem acesso à água apropriada para beber. Os maiores beneficiários sãoos que moram nas áreas urbanas que são 57, 9, ao passo que os 22, 8correspondem às pessoas das zonas rurais.
Mesmo obtendo o precioso líquido, uma cifra de 30 por cento dos angolanos não a trata para beber.
Na zona urbana 52 por cento faz isso,contra os apenas 9, 7 das áreas rurais que desinfectam o líquido comlixívia, cloro ou outro produto químico.
Quanto ao saneamento adequado, 59 porcento da população o possue, mas o fosso entre os que vivem no campo eo que vivem nas cidades é enorme. Segundo os dados divulgados ontem,84, 6 por cento dos citadinos possuem saneamento apropriado, o queapenas 31, 1 por cento dos indivíduos do campo conseguem.
Internet e computadores escassos
Depois da habitação e ambiente, ostécnicos do INE apresentaram os dados referentes ao conforto ebem-estar, onde incluíram a percentagem da população com acesso atelefone fixo (0, 7 em Angola, 1.0 na área urbana e 0.3 na rural) edaqueles que possuem telemóvel (32. 6 no país. 52.8 no casco urbano e6.3 no campo).
Apenas 4, 1 por cento de angolanos lidam com computadores.
As estimativas da cidade apontam para7, 6 por cento de pessoas que possuem e manejam esse aparelho, enquantono campo os dados apontam para menos de um por cento (0, 2). Sobre ainternet, só 0,3 têm acesso a esse serviço. E a referência quanto àparte urbana é de 0, 4 contra nenhuma cifra dos que residem nas zonasrurais (0,0).
O País

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